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Foto do escritorAlexandre Boure

Verdade para poucos. Hemingway e sua lista pessoal para você que também escreve.


"Como um escritor você não deve julgar. Você deve entender " - Ernest Hemingway (21 de Julho 1899 - 2 de Julho de 1961) aconselhou no seu manual sobre como escrever Esquire em 1935 , dirigida a um jovem correspondente mas com base em um encontro da vida real que tinha ocorrido um ano antes. Em 1934, um aspirante a escritor com 22 anos de idade chamado Arnold Samuelson foi ao encontro do seu herói literário, esperando ter alguns momentos com Hemingway para falar sobre a escrita. Filho de produtores de trigo imigrantes noruegueses, ele tinha acabado de completar seu curso de jornalismo na Universidade de Minnesota, mas recusou-se a pagar $ 5 pelo seu diploma. Convencido de que sua educação literária seria melhor sendo aprendiz de Hemingway, ele apanhou boleia num carro de carvão de Minnesota até Key West. "Parecia uma coisa idiota a fazer", Samuelson recordou mais tarde, "mas aos vinte e dois anos de idade, durante a Grande Depressão, não se tem que ter muita razão para fazer coisas." Ele acabou por ficar com Hemingway por quase um ano inteiro, ao longo do qual ele se tornou o único protégé do titã literário. Samuelson registou a experiência e a imensidade da suas aprendizagens num manuscrito que só foi descoberto pela sua filha depois de sua morte em 1981. Foi finalmente publicado como Com Hemingway: A Year in Key West e Cuba (biblioteca pública) - o mais próximo do perfil psicológico do grande escritor.

Logo após a chegada do jovem em Key West, Hemingway concedeu-lhe logo o privilégio para o qual ele tinha viajado e tanto procurava. Em uma das suas primeiras conversas, ele entrega Samuelson uma lista manuscrita e instruí: "Aqui está uma lista de livros que todo o escritor deve ter lido como parte de sua educação ... Se ainda não leu estes livros, simplesmente ainda não está educado. Eles representam diferentes tipos de escrita. Alguns podem aborrecê-lo, outros podem inspira-lo e os outros estão tão bem escritos que o vão fazer sentir que é impossível tentar escrever.

Esta é a lista de obras-primas que Hemingway entregou ao jovem Samuelson:

  1. The Blue Hotel (public library) Stephen Crane

  2. The Open Boat (public library) Stephen Crane

  3. Madame Bovary (free ebook | public library) Gustave Flaubert

  4. Dubliners (public library) James Joyce

  5. The Red and the Black (public library) Stendhal

  6. Of Human Bondage (free ebook | public library) W. Somerset Maugham

  7. Anna Karenina (free ebook | public library) Leo Tolstoy

  8. War and Peace (free ebook | public library) Leo Tolstoy

  9. Buddenbrooks (public library)Thomas Mann

  10. Hail and Farewell (public library) George Moore

  11. The Brothers Karamazov (public library) Fyodor Dostoyevsky

  12. The Oxford Book of English Verse (public library)

  13. The Enormous Room (public library) E.E. Cummings

  14. Wuthering Heights (free ebook | public library) Emily Brontë

  15. Far Away and Long Ago (free ebook | public library) W.H. Hudson

  16. The American (free ebook | public library) Henry James

Não está na lista manuscrita mas foi conversado entre ambos o que Hemingway considerava "o melhor livro de um americano alguma vez escreveu," o que "marca o início da literatura americana" - Adventures of Huckleberry Finn (biblioteca pública) de Mark Twain.

|Arte de Norman Rockwell para uma rara edição do Adventures of Huckleberry Finn,

de Mark Twain|

Em conjunto com esta lista edificante, Hemingway ofereceu ao jovem Samuelson alguns conselhos escrita concretos. Advogando que para ficar com o que os psicólogos de hoje chamam de fluxo, ele começa com a disciplina psicológica do processo de escrita:

"A coisa mais importante que aprendi sobre a escrita nunca é escrever muito de cada vez ... Nunca se deixar secar. Deixe um pouco para o dia seguinte. A principal coisa é saber quando parar. Não espere até que tenha escrito tudo. Quando ainda está a fluir bem e vai para um lugar interessante e sabe o que vai acontecer a seguir, essa é a altura certa de parar. Em seguida, deixe e não pense mais sobre isso; deixe o seu subconsciente fazer o trabalho." Ecoando o conselho de Lewis Carroll para superar bloqueios criativos, Hemingway aconselha por em prática esta estratégia psicológica: "Na manhã seguinte, depois de uma boa noite de sono e está sentindo-se fresco, reescreva o que escreveu no dia anterior. Quando chegar ao ponto interessante novamente e sabe o que vai acontecer em seguida, parta daí e pare num outro ponto de elevado interesse. Desta forma, quando revir , o seu material está cheio de pontos interessantes e escreverá um romance no qual nunca ficará preso e irá continuar a escrever coisas interessantes à medida que vai evoluindo. Todos os dias volte ao início e reescreva tudo e quando ficar maior, leia pelo menos dois ou três capítulos antes de começar a escrever e, pelo menos uma vez por semana voltar ao início. Assim mantém a coerência e quando revir novamente, corte tudo o que puder. A principal coisa é saber o que deixar de fora. A maneira de avaliar que está a correr bem é quando pode retirar material em excesso." Ele então passa para a recompensa psicológica desta prática :

"Não desanime, porque há uma grande quantidade de trabalho mecânico na escrita. Há e não pode sair dele. Eu reescrevi A Farewell to Arms, pelo menos cinquenta vezes.Tem que trabalhar nisso. O primeiro esboço de qualquer coisa é uma merda. Quando você começa a escrever tem o entusiasmo todo mas o leitor não tem nenhum, mas depois de aprender a trabalhar, é o seu objectivo transmitir tudo ao leitor para que ele se lembre, não como uma história que tenha lido, mas algo que aconteceu com o próprio . Esse é o verdadeiro teste de escrita. Quando chegar a este ponto , o leitor recebe todo o entusiasmo e você não tem nenhum sentimento. Só tem o trabalho duro e quando melhor escrever mais difícil é porque cada história tem que ser melhor do que a última. É o trabalho mais difícil que existe. Eu gosto de fazer e posso fazer muitas coisas melhor do que escrever, mas quando eu não escrevo sinto-me como merda. Eu tenho o talento e eu sinto que o estou a desperdiçar."

Quando Samuelson pergunta como se pode saber se a pessoa tem algum talento, Hemingway responde:

"Não pode. Às vezes pode passar anos a escrever antes que ele se mostre. Se um homem tem talento dentro dele, ele em algum momento vai revelar-se. A única coisa que posso aconselhar é para continuar a escrever mas é muito duro. A única razão porque eu ganho algum dinheiro com a escrita é porque eu sou uma espécie de pirata literário. De cada dez histórias que escrevo, apenas uma é boa e mando as outras nove fora."

Hemingway exibe a sua pescaria com Samuelson (extrema esquerda) a admirá-lo.

Hemingway remata com umas palavras sobre ambição, auto-comparação, e originalidade: "Nunca compita com escritores vivos. Você não sabe se eles são bons ou não. Compita com os mortos que sabe que são bons. Então, quando acha que está a passá-los, sabe que está a ir bem. Tem que ler todas as coisas boas para que saiba o que foi feito, porque se tem uma história parecida com a de outra pessoa já escrita, a sua não é boa a menos que a tenha escrito melhor. Em qualquer arte que você está autorizado a roubar ideias, se acha que pode torná-las melhor, mas a tendência deve ser sempre melhorar e não estragar e nunca imitar ninguém. O estilo não mais nada a não ser o constrangimento de um escritor em afirmar um facto. Se descobre a sua preferência, será feliz , mas se tentar escrever como outra pessoa, vai ter o constrangimento de outro escritor, bem como o seu próprio."

Sobre o sentimentos e num tom que faz recordar Neil Gaiman sobre a única resposta adequada à crítica, Hemingway adverte Samuelson sobre os ciúmes que surgem com sucesso:

"Quando começar a escrever todos lhe desejam sorte, mas quando está a correr bem, eles tentam matá-lo. A única maneira de se manter no topo é escrevendo coisas boas."

Hemingway (esquerda) e Samuelson na pesca e conversa em Key West.

O Livro: Com Hemingway: A Year in Key West e Cuba, transborda com a sabedoria do célebre escritor sobre a literatura, a vida e a experiência criativa. Complemente com mais Hemingway em "O conhecimento e os perigos do ego " e o seu curto mas espectacular discurso de aceitação do Prémio Nobel, e em seguida, reveja as listas de leitura essenciais de Joan Didion, Leo Tolstoy, Susan Sontag, Alan Turing, Brian Eno, David Byrne, Neil de Grasse Tyson, e Patti Smith.

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