A verdade é que o que parece verdade nem sempre o é, em todos os meios, inclui-se aí o mercado editorial. Para o autor iniciante ou independente pode chegar uma hora que ele concorde com a opinião da massa, seus familiares, amigos e a grande mídia que não deseja leitores. A opinião geral é que livro no Brasil não vende e que atingir um público-leitor é privilégio de poucos. Essas pessoas “não leitoras” vão sempre citar Paulo Coelho. Outros com mais conhecimento um Laurentino Gomes. Ou uma Zibia Gasparetto. Ou seja, é difícil, ou você é um “mago”, ou tem que fazer uma pesquisa histórica de anos e anos (sem nenhuma garantia de ganhar um centavo) ou você recebe história dos mortos... Difícil, né?! Essa ideia comum de que se faz de ser escritor, que é impossível, que não há como ter leitores, e muito menos ganhar um dinheiro significativo com isso.
Muitos escritores iniciantes passam aceitar isso, pois o caminho é árduo e o mais fácil mesmo é desistir. Acontece que o que a visão geral passa é uma visão vulgar e desprovida de informações contundentes e vivas. Nunca houve, em tempo algum, melhor momento para emplacar a busca de leitores.
O que os “comuns não-leitores” não sabem é que há uma série de coisas está acontecendo. E há exemplos reais de feitos em números incríveis, nesse mesmo Brasil que não lê. Vamos a alguns exemplos:
Eduardo Spohr colaborava com o blog Jovem Nerd e foi lá que publicou seu livro, na loja virtual do site que vende artigos do mundo nerd. Dessa maneira venderam 4 mil exemplares, o que chamou a atenção do grande Grupo Editorial Record e em 2010 ele assinou e foi lançado pelo selo verus, da Record.
Seu livro, A Batalha do Apocalipse vendeu até hoje mais de 750 mil exemplares.
Publicou seu primeiro livro com a edição bancada pelo pai em 2001. O sucesso veio em 2008 com a divulgação boca-boca do seu Fazendo meu filme que se tornou best-seller
Em 2013 foi uma das autoras incluídas na coletânea O Livro das Princesas, ao lado de Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. O livro reuniu releituras de contos de fadas, e Paula Pimenta contribuiu com sua versão para a história de Cinderela. No mesmo ano, o primeiro volume da série Fazendo meu filme foi lançado em inglês, com o título Shooting my life’s script – Fani’s premiere. Fazendo meu filme também já foi lançado na Espanha, em Portugal e toda a América Latina, e ganhou uma versão em quadrinhos.
Até hoje ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares. Já dá pra fazer um churrasco pros não-leitores sabichões, dá não?
Agora vamos a um exemplo de algo novo e revolucionário. Exemplo da paulistana Bruna Brito. Que publicou no site Wattpad (uma rede social onde as pessoas publicam suas histórias e conquista leitores) uma plataforma gratuita. Lá Bruna publicou o seu Lost Boys – o amor nunca morre, e esperava ter seus 100 leitores, então como numa fantasia, numa mágica das ferramentas que todos nós temos a mão, ela alcançou a colossal marca de 34 milhões de leitores. O que despertou o interesse de editoras. Ela foi então publicada em livro impresso pela nada mais nada menos Random Nouse, editora inglesa prestigiada.
São só alguns exemplos. Então vejam, como há uma realidade, e uma distorção da realidade, impregnada de ignorância e pensamento de manada. Há sim gente vendendo livros com auxílio de tecnologia, suor e conhecimento. E temos sim milhares de leitores no Brasil, o que fica ofuscado um pouco por ser um país de mais de 200 milhões de pessoas, mas não devemos nos focar nisso e sim num público que certamente passa de dois milhões. Arregace as mangas, caro escritor!